quarta-feira, 2 de abril de 2014

Isadora é gente como a gente!

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Notícia: O que famosos que usam transporte público acham do sistema no Rio
Fonte: OGlobo
Data: 23/03/14
Nível do conto: 1
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Quase meia-noite e Miguel cochilava sozinho no 308 vazio indo para a Barra.

A cidade estava tranquila naquele fim de domingo e tudo o que ele ouvia era o rádio do motorista com um volume bem alto e uma música péssima.
"Deixa ele", pensou Miguel. Era a última volta do ônibus e não tinha mais ninguém ali para reclamar.

Ao acordar de um dos seus cochilos percebeu que havia uma mulher parada em pé no ônibus. Aquele rosto parecia familiar. E era!

Isadora Fernandes, aquela atriz famosa que a sua mãe adorava. Já estava um pouco velha, mas ainda muito bonita.

Miguel só não entendeu porque ela viajava em pé se todos os lugares estavam vagos. "Esses artistas são meio excêntricos, vai entender...".

Era impossível não encarar Isadora ali. De repente, ela olha para Miguel e dá um sorriso meio enigmático. Depois vira o rosto. O rapaz estava encantado.

O ônibus parou em um semáforo e Miguel olhou pela janela as poucas pessoas que ainda caminhavam pelo bairro. Para sua surpresa, ao olhar para o corredor viu que Isadora não estava mais lá. Que pena, ia pedir uma foto para mostrar pra sua mãe. Ela ficaria muito orgulhosa.

Desceu, chegou em casa e não restava nada mais além de um merecido descanso.

No outro dia, correu para a cozinha para tomar seu café da manhã e contar o episódio do ônibus para a sua mãe.

- Caraca, mãe! Não acredita quem que eu vi no ônibus ontem! Aquela atriz, a Isadora Fernandes. No busão, mãe! Será que ela ficou pobre? Eu ia tirar uma foto com ela pra te mostrar, mas ela desceu e eu nem vi... É gente como a gente, fala sério!

- Que idiotice Miguel...

- É sério, mãe! Pô... era a Isadora mesmo!

- Miguel, como que a Isadora vai pegar ônibus se ela já morreu tem mais de 10 anos? Se é pra inventar, inventa direito... Agora come aí teu pão pra eu terminar de lavar aqui.

(...)

E o último 308 do domingo nunca mais!